Esta terça-feira Portugal inicia a sua participação no Campeonato da Europa C de BCR, em Sarajevo. No lançamento da competição, conversámos com Dante Prochet, jovem criativo brasileiro sediado em Lisboa e que esteve recentemente em Dusseldorf a acompanhar os Invictus Games.
Realizado desde 2014, o torneio é dirigido a soldados internacionais com traumas e lesões contraídos em combate, assumindo-se como uma plataforma de recuperação e atuando em várias frentes. A edição 2023 colocou em prova 21 nações em 10 modalidades diferentes.
A sua ligação ao basquetebol e ao audiovisual, e os desafios na cobertura de um evento de desporto adaptado são os temas centrais deste breve diálogo. Às perguntas e respostas, Dante acrescenta um diário visual da sua experiência na Alemanha.
HOOPERS: Como é que surge a tua ligação à modalidade?
DANTE: Para mim o basquete sempre foi o esporte que mais me atraía. A minha primeira interação com o basquete foi nas olimpíadas de 2016, onde eu vi o Espanha x Croácia, em que na última jogada Pau Gasol tomou um block que deu a vitória à Croácia. Desde esse momento eu me viciei no esporte. Cresci sendo um garoto com sobre peso e nunca vi confiança em mim mesmo para jogar. Por isso só comecei a praticar basquete na temporada 21-22, altura em que me apaixonei ainda mais pelo esporte pois ele me deu um senso de segurança e confiança que eu mesmo não sabia que existia.
HOOPERS: Do campo para a câmera: como se dá essa passagem?
DANTE: Em relação à câmera, minha Tia Tatiana era fotógrafa, então sempre fiquei interessado. Mas quando o Teux, um grande amigo meu, comprou uma câmera e me deixou usar pela primeira vez, foi como o basquete: já me viciei e me joguei de cabeça.
HOOPERS: Ainda estás a estudar? Nesta área?
DANTE: Sim, estou no 11º, na Escola artística António Arroio, e espero terminar a escola e ir direto para a faculdade estudar mais sobre sobre fotografia e vídeo.
HOOPERS: Como surgiu a oportunidade de trabalhar neste evento?
DANTE: Uma amiga do meu pai viu o meu vício com câmeras e me ofereceu o trabalho. De primeira já aceitei.
HOOPERS: Quais foram os desafios de cobrir um desporto adaptado?
DANTE: Para mim foi a questão de perceber como funciona o esporte em si. Com o basquete eu já consigo saber a posição exata para mexer a câmera por conta da minha experiência, mas com o basquete de cadeira de rodas – que é um esporte sensacional – é como se tudo fosse mais novo para mim. Na primeira partida foi extremamente complicado, mas creio que já entendi.
HOOPERS: O que levas desta experiência?
DANTE: Primeiro: óbvio que a experiência não só de tirar fotos, mas também de transmitir vídeos para as telas do estádio. Quando você vê algo que você fez transmitido em um telão para, no mínimo, 1000 pessoas, é um sentimento diferente. Mas também o que os jogos me ensinaram. Os Invictus Games são o torneio em que ex-militares machucados vêm jogar. O senso de respeito e força de vontade é 50x maior do que tudo que eu já vi.
HOOPERS: No futuro, como vês a tua ligação à modalidade?
DANTE: Com o basquete em si, meu objetivo desde o começo foi estar lá com os melhores do mundo, vendo tudo de perto e conseguindo captar momentos icônicos como Andrew Bernstein, seja isso na NBA, nas olimpíadas ou mesmo nas Paraolimpíadas.