Apolo nasceu nos Açores, em São Miguel e joga basquetebol desde que se conhece, a sua mãe é treinadora então cresceu dentro das 4 linhas e com a “bolinha” laranja na mão.
Jogou até sub-14 de último ano pela AJCOD, onde foi diversas vezes campeão da ilha, campeão regional de seleções e fez parte da seleção dos Açores, sendo ainda mini.
O ano passado representou o Ginásio Figueirense, clube da sua mãe, e ajudou a equipa a vencer a Taça Nacional, onde também conquistou o prémio de MVP da fase final.
Este ano está a representar o Porto, onde recentemente atuou na fase final distrital e foi finalista vencido. Contudo, venceu o prémio de MVP (jogador mais valioso) da prova, bem como, o prémio de 5 ideal. Apolo apontou 32.5 pontos, 11.5 ressaltos, 3.5 assistências, 5.0 roubos de bola, 3.0 desarmes de lançamento em 37:40 minutos por jogo.
Aqui fica a conversa que tivemos durante este timeout:
Hoopers (H): Como avalias a época que terminou, do ponto de vista individual e coletivo?
Apolo Caetano (AC): A época passada foi uma época de adaptação e de mudança. Vim de um clube nos Açores onde era o “menino de ouro”, a minha mãe era treinadora, cresci no pavilhão e com os vários treinadores e são eles a minha família de lá, e vim para sítios novos e diferentes. A nível individual tornei-me mais vocal, um melhor base e melhorei a minha condição física. A nível coletivo, conseguimos ganhar a Taça Nacional e pôr o Ginásio Figueirense de volta nos grandes palcos.
H: Como descreves a experiência na NBA Academy U-16 em Paris? O que destacas mais nas tuas exibições?
AC: É outro mundo, desde as instalações até a forma de treinar. São outros corpos, muito maiores e mais físicos.
Acho que me destaquei muito pela agressividade defensiva (principalmente nos portadores da bola), a minha energia, e os primeiros passes para o contra-ataque de forma rápida.
H: Quais sentes serem os pontos a trabalhar de momento e no futuro?
AC: Tenho de trabalhar um pouco mais a capacidade de ultrapassar o meu defesa direto em meio campo e melhorar muito as finalizações de baixo do cesto e diversificá-las.
H: Como é ser uma jogador das ilhas? Conta-nos como é a experiência e de que forma é que o basquetebol é vivido nos Açores.
AC: Ser das ilhas é especial, o Basket, e o desporto em geral, nos Açores não tem aquela cultura desportiva intensa. Mas nos Açores, por ser um meio pequeno, há tempo para fazer tudo. Mas é especial ser das ilhas no continente, é giro encontrar pessoas que também são de lá e que estão cá por diversos motivos. É algo que nos une uns aos outros!
H: Sabemos que estar longe de casa nem sempre é fácil e que as saudades dos amigos e familiares apertam. Como tens lidado com isso?
AC: As saudades são um assunto delicado para mim, é muito difícil. Como disse vim de um meio pequeno onde éramos todos conhecidos e todos amigos. Não se ultrapassa esta saudade nem se deixa de senti-la, apenas aprende-se a viver com ela.
H: Como surgiu o contacto com o Porto e porquê o Porto?
AC: O contacto com o Porto surgiu no verão a meio dos trabalhos de seleção. Escolhi o Porto porque quero ganhar, e o FCP é um clube conhecido por ganhar.
H: Recentemente disputaste a final distrital ao serviço dos azuis e brancos. Como avalias a tua performance na prova? E a da equipa?
AC: Em termos de equipa acho que estivemos bem, demos o nosso melhor e por isso estamos de consciência tranquila. Individualmente correu muito bem, consegui ser um base para a equipa e ao mesmo tempo marcar pontos quando ela precisa.
H: Como olhas para a formação em Portugal? Quais os principais problemas e sugestões de melhoria? Como vês a evolução da modalidade no futuro?
AC: É uma pergunta complicada, a formação portuguesa está em evidente crescimento. penso que o principal problema é mesmo a falta de cultura desportiva na população do país, a meu ver é o maior problema e não é de fácil resolução.
H: Tens algum jogador favorito, alguma espécie de role model?
AC: Jogador não, gostava muito do Tony Parker, mas acho que o meu role model é mesmo a Paige Bueckers, é a minha jogadora favorita.
H: Quais são os planos para o futuro? Sair de Portugal é uma possibilidade? What’s next?
AC: Ainda não há planos para a próxima época, não me quero preocupar com esse lado e essa faceta do basket. Primeiro quero focar-me nesta época e em ganhar, e depois focar-me em treinar para evoluir ao máximo.
H: Qual o papel que a entrada do Neemias na NBA significa para ti, para a tua geração e para as gerações mais novas?
AC: O Neemias é uma inspiração tanto para mim como para tantos outros jogadores da minha idade, ele “abriu” um caminho e mostrou que não era impossível ter um “portuguesito” no patamar dos melhores.
H: Por fim, como te descreves durante um Timeout?
AC: Durante um timeout estou focado na informação que o treinador nos transmite e nunca sei onde está a minha garrafa de água (risos).
Redação: Hoopers
Entrevista por: Martim Figueiredo