Com a sua edição inaugural em 2001, o programa Basketball Without Borders (BWB) já passou por 48 cidades, 33 países e seis continentes. Esta iniciativa conjunta da NBA e da FIBA visa reunir alguns dos talentos mais promissores de todos os cantos do mundo.
Após termos acompanhado a versão Sul-Americana do programa, que ocorreu de 17 a 20 de maio em São Paulo, a comitiva das duas maiores entidades mundiais regressa à Europa durante os dias 31 de maio e 3 de junho. Este ano, o BWB europeu está a ter lugar em Espanha, na cidade de Málaga, e conta com 60 jovens do continente. Das 30 raparigas que integram o quadro, Madalena Amaro, base de 17 anos do Sporting CP, é a única portuguesa no programa.
Natural de Faro, Madalena começou a jogar basquetebol aos 3 anos, tendo passado pelas camadas de formação do Farense e do Imortal, até chegar à equipa sénior do Sporting. Em 2022, fez parte da campanha histórica da Seleção Nacional no Europeu sub-16, em Matosinhos, onde terminaram em quarto lugar. A este papel importante na competição europeia, conjugam-se as impressionantes exibições a nível sénior pela equipa Lisboeta, resultando num convite para o BWB Europe 2024.
Já em Málaga, e em conversa com a Hoopers, Madalena descreveu a sua experiência no começo do programa. “O primeiro dia de campo foi diferente, uma experiência completamente diferente, uma energia à qual não estou habituada a ter nos treinos e muita muita competição entre todos os atletas. Começamos com estações de técnica individual e percebi de forma reforçada a importância de cada detalhe em cada movimento que fazemos dentro de campo, desde os bloqueios diretos, ao posicionamento da defesa, aos apoios nas finalizações…“.
A edição deste ano conta com muito prestígio na equipa técnica. Desde os atuais jogadores da NBA, Colin Sexton (Utah Jazz) e Devonte Graham (New Orleans Pelicans), à tri-campeã da WNBA, Amaya Valdemoro (Houston Comets), e ainda alguns dos treinadores mais respeitados da modalidade, como Kenny Atkinson (Golden State Warriors) e Popeye Jones (Denver Nuggets). Com tanto staff de renome presente, as expectativas de Madalena eram muito altas. “Soube os treinadores que iriam fazer parte deste “campus” e da minha cabeça não saía o ouvir todos os feedbacks possíveis para depois regressar a Portugal e metê-los em prática. Está a corresponder, sem dúvida, ao esperado“.
“A maior diferença que noto do coaching desta equipa técnica é a energia e a intensidade com que temos de fazer todas as coisinhas. O tempo que temos em campo temos de estar 120% foçadas porque cada detalhe, que muitos acham que não faz diferença, eles param o treino e mostram nos a diferença que faz.” – Madalena revelou a grande diferença que existe na ética de treino do outro lado do oceano. – “Curioso que quando o meu grupo estava a mudar para uma das estações, o treinador disse que não estávamos com a energia suficiente, mandou nos correr até á linha lateral e voltar a correr e entrar dentro de campo a gritar e a bater palmas.“, reforçando a importância que uma boa energia em campo tem para se treinar melhor.
Estando entre os 30 talentos mais promissores da Europa, Madalena diz que a competição é “elevadíssima“. “Miúdas com uma técnica que eu nunca tinha visto antes, fazem coisas que aos meus olhos uma miúda da minha idade não é capaz de fazer, mas fazem e mostram me que se treinarmos muito e muito conseguimos chegar aquele nível. Têm todas uma grande eficácia e tem sido incrível treinar com pessoas com tanta qualidade“.
Relativamente a ser a única portuguesa no grupo do programa elite, “É um motivo de orgulho, sem dúvida. Tem sido um longo percurso e um longo trabalho“. Tal como para muitos jovens, para Madalena o basquetebol começou por ser apenas uma ferramenta de diversão, mas à medida que os anos passaram, os frutos do seu trabalho foram se revelando, e agora o objetivo de atingir o estatuto profissional está cada vez mais perto. “Não basta sonhar para lá chegarmos, é preciso trabalho diário e muito muito sacrifício. Acho que a participação neste campus me deu uma extra motivação para continuar a trabalhar para alcançar todos os meus objetivos“.
Depois do término do campo, Madalena irá regressar à equipa campeã da segunda divisão feminina, tendo como objetivo a subida à Liga Betclic no próximo ano. Sobre ambições individuais mais elevadas, a base portuguesa mantém todas as portas abertas. “Tenho desde pequena o sonho de jogar nos Estados Unidos, mas nunca se sabe o que o futuro nos reserva, tudo a seu tempo e se assim for para ser, vai ser!”
Dos mais de 4300 participantes ao longo das 74 versões do Basketball Without Borders, 119 atingiram o expoente máximo da carreira profissional do basquetebol, chegando à NBA ou à WNBA. Isto revela a clara importância destas iniciativas da FIBA e da NBA, dando uma oportunidade a jovens de todo o mundo para fazer o showcase do seu elevado potencial. Na edição de 2023, participaram duas portuguesas: a próxima poste das Kentucky Wildcats (NCAA), Clara Silva, e uma das grandes protagonistas do plantel sub-18 do Maia Basket, a base Sofia Sousa.